É bem verdade que, em muitas experiências de revitalização urbana, o resultado obtido tem demonstrado o contrário, ou seja, tem demonstrado um resultado meramente cenográfico, não-verdadeiro, voltado mais à apreciação turística, no seu sentido comercial, pouco dotado do significado histórico e social do lugar. Ambiências são criadas, edifícios são restaurados, mas o foco, em muitos casos, são mais para o "turista ver" ou para o deleite de alguma pequena casta de privilegiados economicamente ou culturalmente falando, muitas vezes se tornando mais um dos "enclaves" dentro da realidade urbana contemporânea.
Ainda que, em um processo de requalificação, se tenha que considerar que, os espaços tradicionais e históricos, tenham que se tornar aptos para os novos usos que se apresentam no momento histórico, na maioria das vezes, estes novos usos vêm incorporar-se de forma equivocada ou impactante a uma estrutura de funcionamento construída historicamente, sendo, comumente, desconsiderada a sua história, nos projetos de requalificação e revitalização.
Nesse sentido, áreas anteriormente residenciais, ou mesmo comerciais, que desenvolveram, ao longo de sua história, um conjunto de facilidades e potencialidades, como a infra-estrutural (água, esgotos, drenagem, eletrificação, iluminação, etc.), a estrutural (morfologia urbana, uso e ocupação do solo, sistema de circulação, sistema de espaços públicos, livres e verdes, e também uma rica rede de articulações entre setores urbanos) não podem, em dado momento, voltar-se apenas à função cenográfica e de lazer, voltado ao turismo, negando o seu significado históricoe suas funções tradicionais para a população local.
Contudo, cada centro histórico tem características únicas e peculiares, alguns centros, mais dinâmicos, permitem inclusive a alteração normal de seus usos, seguindo uma tendência dinâmica que a área, naturalmente, já vivencia. Outros, mais habitados e com usos e significados dos espaços, mais carregados de tradições e memórias, são mais sensíveis a mudanças de uso, especialmente se não devidamente considerados no projeto de requalificação.
Projeto Moradouro: uma análise da viabilidade da proposta de requalificação do centro histórico de João Pessoa - PB, através do uso residencial
Amauro Muniz de Castro
Exemplo: Requalificação do centro histórico de Salvador (Pelourinho)
(Comentário: A partir do exemplo de Salvador, podemos destacar a requalificação dos centros urbanos como uma forma de atrair turistas, ou apenas de mascarar e embelezar a cidade para os mesmos. Esse foco nos leva para a discussão de que a requalificação, na verdade, deve ser feita levando em consideração a história do edifício e da região na qual se insere, tornando-o capaz de ser utilizado. )
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