O mercado da reutilização e da reciclagem é antigo no País e em Belo Horizonte, sendo muito anterior ao “boom” da reciclagem que, principalmente a partir da década de 90, passou a fazer parte das ações de recuperação ambiental do planeta. Os catadores de papel, que já nos anos 50 eram vistos pela capital, recolhendo ‘lixo de valor’, são, portanto, os precursores da coleta seletiva na cidade. Vítimas do desemprego e dos dramas sociais vividos pelos pobres no País, os catadores, até o fim da década de 80, trabalhavam exclusivamente para os donos dos depósitos que, ainda hoje, são intermediários de grande parte da venda do material reciclável às indústrias.
“Catar papel pelo centro, separar o lixo na calçada, puxar carrinhos cedidos pelos proprietários dos depósitos… essa lida diária era trocada por pernoite, alguns míseros reais ou, mesmo, uma garrafa de cachaça” (extraído do relatório mimeografado “Plano de gerenciamento dos resíduos sólidos de Belo Horizonte”, 2000. Superintendência de Limpeza Urbana – Prefeitura Municipal – SLU/PBH). Em 1993, grande número de catadores atuava na área central de Belo Horizonte, onde havia concentração de pontos de triagem de papel e papelão nas calçadas, principalmente à noite, com a permanência de catadores como moradores de rua pela falta de locais de armazenamento e triagem do material coletado, o que os impossibilitava de retornar às suas moradias. Outros realmente não tinham casa e viviam na rua, junto ao seu local de trabalho.
[...]
Na realidade, os catadores sempre participaram de processos produtivos e de prestação de serviços; ou seja, produzem, a um só tempo, bens e serviços. Agentes inaugurais do mercado de reciclagem, esses trabalhadores permaneciam — e ainda permanecem —, distantes dos maiores ganhos proporcionados pelo mesmo.
(Comentário: A reportagem revela os catadores de lixo, como responsáveis da coleta seletiva e da reciclagem. Destaca a atuação dos mesmos, sobretudo, na área central da cidade e a permanência como moradores de rua devido à falta de locais de armazenamento do material coletado, o que os impedia de voltar para suas casas. Nessas condições, pode-se considerar esse grupo como possível destinatário e usuário do projeto de moradias temporárias em estudo.)
Fátima Abreu
Disponível em: http://www.metro.org.br/fatima/limpeza-urbana-em-belo-horizonte-parte-3
Nenhum comentário:
Postar um comentário